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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Discutindo conceitos artísticos, sociedade e cotidiano por meio da obra “Zero Cruzeiro” de Cildo Meireles


Iniciei o ano de 2010 definindo alguns conceitos artísticos que pretendia trabalhar nos primeiros bimestres com meus alunos de 2ªs séries. Foram eles: cores: primárias, tonalidades, monocromia, policromia; texturas.

Desejava ultrapassar as formas tradicionais com que são trabalhados estes conteúdos, além de promover uma aproximação dos alunos com a arte contemporânea. Para iniciar as propostas, escolhi a imagem "Zero Cruzeiro" de Cildo Meireles, pois vi nela a possibilidade de aliar uma imagem de arte contemporânea com os conceitos artísticos elencados no planejamento, bem como discutir questões sociais e do cotidiano dos alunos, pois desde muito cedo as crianças já tem contato com dinheiro e acompanham nas famílias as discussões em torno da existência (ou falta) dele.

Apresentei a imagem para os alunos e deixei que falassem livremente acerca da imagem, sem dar informação sobre ela.


Discutimos sobre o valor do dinheiro e o fato da obra se chamar "Zero Cruzeiro". Depois de explorar bem a imagem, desenvolvemos diversas propostas:

1. Cada criança desenhou o que gostaria de comprar se tivesse muito dinheiro.

2. Observamos imagens de notas antigas de Cruzeiro, a fim de perceber as texturas, linhas, as efígies. Observamos também notas de Real, comparando-as ao Cruzeiro.

3. Cada aluno criou cédulas de dinheiro usando canetinha hidrocor, destacando as linhas e texturas enquanto elementos visuais.

Aluna Tatiana em processo de criação de sua cédula.



Aluno expondo sua cédula junto às dos outros colegas.


4. Os alunos criaram cédulas usando uma só cor de guache, criando tonalidades diferentes a partir das cores primárias, usando o branco e o preto. Trabalhamos o conceito monocromia.

Monocromia em verde

5. As crianças aprenderam que as cédulas de dinheiro são feitas por meio de matrizes. Depois disso, criaram suas próprias matrizes com isopor, realizando impressões monocromáticas e policromáticas.


Aluna Hechylei passando tinta em sua matriz de isopor


Hechylei conferindo o resultado de sua impressão monocromática em verde



Utilizando a mesma matriz, Letícia cria sua composição policromática

Resultado de uma das composições policromáticas

6. Ficamos sabendo que o Banco Central criaria cédulas diferentes, contendo texturas que facilitariam o reconhecimento das notas pelas pessoas com deficiência visual. Este fato gerou curiosidade nas crianças, que se perguntaram "como uma pessoa cega consegue reconhecer as coisas?" Cada criança realizou um desenho com o tema “coisas que o dinheiro não compra” e contornou suas linhas com cola colorida, criando relevo. Depois, fizemos uma brincadeira onde cada coleguinha tentava reconhecer, de olhos fechados, o trabalho do outro usando o sentido do tato.


Letícia contornando seu desenho com cola colorida


Kettelyn sentindo as texturas do desenho de seu colega


Estas propostas envolveram duas turmas de 2ªs séries, num total de 46 alunos. Durou nove aulas, no período de março a maio de 2010.

Todas as imagens expostas no blog foram autorizadas por escrito pelos responsáveis das crianças.





Um comentário:

  1. Este projeto rendeu um artigo na Revista Pátio, edição 89 de agosto de 2011. Meus alunos e eu ficamos muito felizes!

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