Pesquisar este blog

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

E a Arte começou assim...



Ainda no ano de 2010, as crianças das 2ªs séries 201 e 202 tiveram a oportunidade de estudar um pouco sobre a arte pré-histórica, com enfoque na arte rupestre brasileira.

Para saber o que as crianças já conheciam sobre o assunto, comecei perguntando: “Como as pessoas viviam há muito tempo atrás, quando não havia carros, casas, nem dinheiro?” Algumas crianças disseram que os homens caçavam, moravam em cavernas.

Apresentei algumas imagens de pinturas nas cavernas, que chamaram bastante atenção das crianças. Fizemos a leitura enfatizando as cores, as formas, as linhas, onde as crianças perceberam que alguns desenhos apresentavam só o contorno, outros destacavam as formas internas.

Alunos da turma 202 apreciando as imagens

Depois de comentar com as crianças que os homens da pré-história retratavam seu cotidiano nas paredes das cavernas, propus que as crianças desenhassem o seu dia-a-dia também.

Os alunos assistiram ao vídeo “Pinturas Pré-históricas” da DvdTeca Arte na Escola, documentário que aborda as pinturas rupestres da Serra da Capivara, no Piauí.

Quem quiser saber mais sobre os títulos da DvdTeca, segue o link:

http://www.artenaescola.org.br/dvdteca/

Como é que os homens da caverna pintavam? O que eles usavam?

Depois de saber que os homens da caverna usavam elementos da natureza para realizar suas pinturas, propus que fizéssemos o mesmo.

Usando sementinhas de urucum e carvão, as crianças produziram desenhos sobre papel A4 e sobre papel pardo, a partir do repertório construído até então. Atentei para que procurassem, a exemplo dos homens da caverna, realizar figuras simulando movimento.

Diovana desenhando com carvão sobre papel pardo


Ana Júlia desenhando com carvão








As crianças foram divididas em grupos, os quais trouxeram elementos como carvão, urucum e terras de diferentes cores. Com estes elementos naturais, os alunos prepararam os pigmentos para a produção de tintas naturais.


Gisleide e Diovana preparando pigmentos de carvão


Vejam os resultados nas mãos da Diovana e da Ana Júlia!



Preparando pigmento de urucum


Gabriel peneira a terra para preparar os pigmentos



Com as tintas prontas, as turmas 201 e 202 realizaram pinturas sobre papel pardo, imitando as paredes das cavernas e recriando a partir de seu repertório.


Com os pigmentos, foram feitas as tintas que foram socializadas

Maria Eduarda e Thaís se divertem pintando com as tintas naturais


As crianças pintavam suas mãos, a exemplo dos homens pré-históricos



Kettelyn também quis pintar sua mão



Muriel realizando sua pintura

Leandro e Tayná em ação

Uma das pinturas finalizadas

Documentos curriculares

Acredito na importância de o professor de Artes ter autonomia para realizar suas escolhas no que diz respeito às questões do planejamento, ou seja, aquilo que vai ensinar e como vai ensinar. Porém, o bom uso dessa liberdade passa pela clareza de conceitos artísticos e pelo conhecimento dos documentos curriculares. Acredito que liberdade sem conhecimento pode ser algo desastroso. De que adianta um professor ser livre e fazer os alunos copiarem imagens coladas no quadro, ou colorir desenhos mimeografados?

Falando em documentos curriculares, me remeto aos Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte, os quais apontam que

(...) aprender arte com sentido está associado à compreensão daquilo que é ensinado. Para tanto, os conteúdos da arte precisam ser transpostos didaticamente de maneira adequada. Não precisam ser ensinados obrigatoriamente do mais simples para o mais complexo ou do geral para o específico, mas sua ordem precisa considerar os conhecimentos anteriores dos alunos e seu nível de desenvolvimento cognitivo. A história da arte, por exemplo, não precisa ser apresentada sempre de maneira cronológica para que o aluno aprenda história da arte ou sua cronologia. (Brasil, 1998, p.44, grifo meu)

A Proposta Curricular de Santa Catarina também concorda que não existe a necessidade de trabalhar a Arte na ordem cronológica, iniciando da pré-história até a Arte Contemporânea. Tal documento aponta que a contextualização histórica

encaminha um estudo não linear, em que o objeto artístico e cultural está colocado no tempo e no espaço. A arte, neste caso não está isolada do contexto cultural, da história pessoal do aluno, nem das questões econômicas, políticas, ecológicas e dos padrões sociais que operam na sociedade. (Santa Catarina, 1998, p.198, grifo meu)

Estes dois documentos, junto à Proposta Curricular do município em que o professor atua são instrumentos preciosos para a elaboração do planejamento.

Seguindo os princípios apontados por estes documentos, o ensino de Arte que proponho aos meus alunos não segue uma ordem cronológica. Em 2010, por exemplo, iniciei com minhas 2ªs séries da escola estadual (Santa Catarina) com propostas partindo de uma imagem artística contemporânea, para depois trabalhar a arte pré-histórica e, nos últimos meses, trabalhar arte regional.

Acredito que o importante é tentar estabelecer relações daquilo que se ensina com o contexto dos alunos, verificar os conhecimentos anteriores que eles possuem, considerar seu nível cognitivo e permitir que estes participem das discussões e possam também fazer suas escolhas.

Os documentos curriculares são propostas que precisam ser adequadas a cada realidade. Receitas prontas para se ensinar arte não existe.

Alguém um dia disse que “o caminho se faz caminhando”, e é nisso que acredito. Enquanto professora de Arte procuro, junto a meus alunos traçar caminhos. Podemos, durante a trajetória, pegar diferentes atalhos, abrir novas trilhas, porém, é imprescindível saber onde se quer chegar, ou seja, que conhecimentos se deseja que o aluno se aproprie.

Para quem quiser saber um pouco mais sobre os documentos curriculares aqui citados, seguem os links:

Parâmetros Curriculares Arte

http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/arte.pdf

Proposta Curricular de Santa Catarina

http://www.sed.sc.gov.br/educadores/proposta-curricular?start=1